Biofilia na Hotelaria

Após longos meses de enfrentamento de uma pandemia com pessoas em isolamento doméstico, seres humanos passaram a perceber com maior intensidade a falta que o convívio com a natureza faz. Isso provocou uma retomada maior no mercado hoteleiro de resorts e pousadas em meio a natureza. Essa necessidade por natureza é explicada pelo conceito de biofilia: a necessidade do ser humano de se harmonizar com outras formas de vida. O conceito surge em 1984 com Edward O. Wilson, biólogo americano. Ele defende que nós temos uma ligação genética emocional com a natureza. Somos atraídos por tudo que é vivo e portanto, temos uma necessidade de contato com a natureza.

Hotel Brooklyn Bridge Lobby – New York

O mundo em que vivemos se valeu da tecnologia para aumentar a nossa produtividade e conectividade. Com isso, passamos mais tempo dentro de edifícios ou em carros, desconectados da natureza. Essa desconexão pode ser um dos motivos para o aumento alarmante de doenças como estresse, depressão e ansiedade. A incorporação da biofilia no design de arquitetura ajuda a melhorar a conexão com a natureza e, portanto, diminuir o estresse.

A biofilia na arquitetura consiste em incorporar as características do mundo natural aos espaços construídos, como água, vegetação, luz natural e elementos como madeira e pedra, principalmente expostos, formas orgânicas e uso de luz e sombra. O uso de plantas em ambientes fechados traz uma sensação de calma, de ambiente fresco e ainda melhora a qualidade do ar, já que plantas são purificadores naturais. Iluminação natural no ambiente de trabalho equilibra nosso ritmo circadiano que regula a produção de melatonina, hormônio do sono. Ventilação natural ajuda a purificar as impurezas do ar acumuladas com o uso do ar condicionado. Vista para o exterior ajuda a relaxar a visão acostumada a tela do computador e a aliviar a tensão da rotina. Estudos demonstraram que a madeira relaxa o sistema nervoso autônomo, diminuindo as respostas relacionadas ao estresse. Quanto à sua aparência, a madeira oferece conexões visuais com a natureza, devido à abundância de tipos, texturas e cores.

Novotel Amsterdam Schiphol Airport e Suites Avenue Aparthotel - Barcelona

Apesar do conceito de biofilia ser amplamente usado em espaços corporativos, muitos hotéis estão se apoderando agora deste conceito. Turistas de hoje procuram experiências interessantes que ressoem com a história e cultura local, com foco no bem-estar. Quanto mais experiências são oferecidas ao hóspede, mais se comenta e compartilha sobre o hotel, gerando maior visibilidade e engajamento. Grandes resorts usam a integração da construção com o ambiente natural externo para criar experiências paradisíacas. Hotéis menores se apropriam do uso de vegetação nos ambientes internos como o Lobby e madeiras como revestimentos de parede. Um estudo feito por uma consultoria norte americana, Terrapin Bright Green, quantificou que o tempo de permanência foi 36% maior em lobbies biofílicos do que em convencionais e que as pessoas acharam os hotéis biofílicos mais memoráveis ​​e satisfatórios.

Muitos hotéis já usam biofilia em seus espaços, mas não conhecem o conceito. Bons projetos, com a preocupação do bem estar do hóspede já primavam por integração com a natureza, grandes fontes de iluminação natural, e formas mais orgânicas no design imitando elementos naturais. É o caso do Hotel Maksoud Plaza de São Paulo, que mesmo projetado há mais de 40 anos, traz vários elementos da biofilia integrada ao projeto de arquitetura.

Design biofílico significa incorporar a natureza em todos os aspectos do design. Isso pode significar o uso de materiais naturais sempre que possível e a criação de santuários em seu interior, onde os hóspedes podem se refugiar. É sobre pegar os padrões fluidos e não uniformes encontrados na natureza e usá-los para inspirar o layout do seu edifício, o design do papel de parede, os tapetes, as janelas, a iluminação e os móveis. É imaginar como as pessoas se movem no espaço.

Átrio central Hotel Maksoud Plaza – São Paulo